Tentando comprar algumas moedas pela internet, me deparei com um anuncio bastante curioso, em um site de leilões de antiguidades do RJ, que era o seguinte: Rara gaiola para grilos, chinesa da dinastia Tang século XIX em bronze, o raro objeto estava sendo leiloado ao lance inicial de R$ 300,00.
Pensei comigo: mais uma dessas doideiras, que a gente vê na internet, qual seria o objetivo de prender os grilinhos na gaiola? Mas ao pesquisar mais a fundo o assunto verifiquei que por lá a coisa é diferente. Os grilos fazem parte da cultura chinesa, e existe uma espécie de paixão que remonta à antiguidade, e que até os dias atuais se mantém, é normal encontrar comerciantes vendendo os insetos, presos em pequenas gaiolas, e o canto faz parte dos sons tradicionais das cidades. Os grilos são tão presentes na cultura popular chinesa que em taxis podem ser escutados, e os veículos mantém uma caixa talhada em marfim onde o inseto fica preso.
Durante a dinastia Tang (618-907) as concubinas imperiais prendiam seus grilos em pequenas jaulas de ouro para poder colocá-los ao lado da cama e escutar seu canto durante toda a noite, esse costume seguiu vivo durante a dinastia Qing (1644-1911). A criação e a venda de grilos continuam sendo um grande negócio da China, onde se calcula que cerca de dez milhões de pessoas criam e cultivam os animais, sendo que os preços variam entre US$ 14,00 a US$ 500,00 cada um.
As brigas de grilos foram muito populares na China na época do império, porém elas foram proibidas por volta de 1949, pelos comunistas com o advento da república popular da China, por sua relação com o mundo das apostas ilegais. Apesar de as apostas em grilos serem proibidas na China, seguem sendo praticadas em pontos escondidos nas cidades, regularmente, noticiadas pela impressa.
Os chineses não consideram o melhor amigo homem o cão, e sim o grilo e costumam manter os seus grilos de estimação em pequenas gaiolas, feitas de bambu ou madeira, e é muito comum levá-los para passear nas praças nos finais de semana.