sábado, 17 de novembro de 2012

ESTÓRIAS DE PIRAQUARA - DISPARADA

                                                                                                                                                   
Muito antes da música de Geraldo Vandré fazer sucesso nos anos sessenta na voz de Jair Rodrigues, outras disparadas faziam furor e criavam pânico por aqui. Eram as disparadas de cavalos...
Naqueles anos idos os cavalos eram meio ariscos. Assustava-se com facilidade. Barulhos, roncos, gritos, buzinas, foguetes eram o suficiente para se assustarem e desabalarem em corridas, mesmo que atrelados em carroças. Não importava o lugar onde estivessem. Desandavam a correr onde houvesse espaço e até o fôlego aguentar.
Numa determinada manhã, na avenida principal de Piraquara, pouco antes da igreja estava uma carroça parada em frente a um armazém. Não se sabendo o porquê os benditos cavalos resolveram desandar a correr avenida abaixo com destino a estação ferroviária. Naqueles tempos, na indumentária dos animais era costume atrela-se um cordão com uma série de guizos ou sinceiros, que  eram conhecidos como barbelas. Em andamento normal já era uma barulheira. Em disparada era mais que uma bateria. Ao final da avenida ficava a prefeitura. O prefeito de então tinha uma salinha logo na entrada. A burocracia era ao contrário. Quem lá chegasse primeiro conversava com ele para ao depois ir para os canais competentes. Vai daí que sua excia., lá do seu reduto ouviu a barulheira e já desconfiou do que se tratava. Não era a primeira vez que presenciara uma disparada e nem seria a última. Não teve dúvidas, como líder comunitário, foi lá para fora, postou-se no meio da avenida e abriu os braços. Não há de ver que os cavalos pararam... Autoridade é assim, até os animais respeitam. Dirão outros; os cavalos não passam por cima das pessoas. Já estavam meio cansados... tudo bem. É possível, mas que o homem teve muito peito de encarar a situação, ah, isso teve...